“Tres pasiones, simples, pero abrumadoramente intensas, han gobernado mi vida: el ansia de amor, la búsqueda del conocimiento y una insoportable piedad por los sufrimientos de la humanidad. Estas tres pasiones, como grandes vendavales, me han llevado de acá para allá, por una ruta cambiante, sobre un profundo océano de angustia, hasta el borde mismo de la desesperación” — Bertrand Russell

20/1/17

Materialismo Histórico-dialético e inclusâo escolar: Reflexões críticas

Giovani Ferreira Bezerra

Este texto problematiza a proposta de educação inclusiva, formulada sobretudo a partir dos anos de 1990, pelos organismos internacionais a serviço do capital, a qual  foi, posteriormente, incorporada na política educacional brasileira. Parte-se do materialismo histórico-dialético como paradigma gnosiológico e político-revolucionário, defendendo-se a crítica superadora à forma alienante e fetichizada de inclusão escolar de alunos com deficiência ou outras singularidades.
Introdução
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O século XXI surge atrelado à perspectiva e aos princípios da chamada educação inclusiva1, movimento político-filosófico-educacional forjado nas décadas anteriores, sobretudo nos anos de 1990, tendo por base duas grandes declarações de alcance internacional: a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, de 1990, e a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na área das Necessidades Educativas Especiais, de 1994, à qual se integra a Estrutura de Ação em Educação Especial.

A inclusão escolar de alunos com deficiência e/ou outras diferenças tornou- se, desde então, uma preocupação constante de governos, universidades e professores, alcançando respaldo jurídico e grande mobilização da sociedade em prol dessa causa, sem que se alterasse a base produtiva capitalista, ontologicamente excludente. Dessa forma, em que pese, porém, o fato de a escola comum inclusiva ser fundamental e irrenunciável para o pleno desenvolvimento dos alunos com alguma deficiência ou limitação ontogenética, superando-se o modelo segregador das classes e escolas especiais de outrora, o movimento inclusivista tem se articulado conforme pressupostos e interesses capitalistas, fundamentados na ideologia (neo)liberal.

Uma análise filosófica e crítica é, portanto, necessária para se compreender o núcleo ideológico da educação inclusiva, tal qual esta vem se concretizando nos discursos, políticas e práticas educacionais. Para tanto, este paper busca, justamente, empreender uma análise crítico-dialética da perspectiva hodierna de inclusão escolar, pela mediação do Materialismo Histórico-Dialético enquanto paradigma gnosiológico e político-filosófico. Assim sendo, primeiro expõem-se, em linhas gerais, alguns fundamentos clássicos desse paradigma. Em seguida, apresenta-se, de forma panorâmica, a proposta de educação inclusiva conforme esta vem se configurando desde o final do século XX e, por fim, fazem-se as inter- -relações interpretativas e explicativas entre ambos, rumo à síntese superadora.

Espera-se, dessa forma, contribuir para o avanço de uma concepção revolucionária da e na práxis social e pedagógica, o que significa não se conformar com reformas paliativas, tampouco com as aparências sedutoras do discurso dominante. Conseguintemente, sem negar a importância de se garantir aos alunos com deficiência ou outras condições atípicas em seu desenvolvimento o direito inalienável à educação em uma escola comum, o texto intenta uma leitura materialista desse fenômeno, como resposta ao idealismo predominante nas teorizações
hegemônicas sobre o assunto.
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